terça-feira, janeiro 29, 2008

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Enquanto o Sol dorme


Hoje o Sol tirou um dia de folga
não esticou seus raios de fogo
em direção aos meus olhos
não aqueceu minha alma inquieta
com seu ardor intenso e feroz
descansou, feito obreiro exaurido
refestelou-se, fez-se rendido.

Enquanto ele, em seu descanso
mais que merecido,dormia
nuvens enfileiradas em prontidão
batiam continência, faziam a ronda
despejando suas águas ao chão

Molhando tudo quanto era possível
alegrando bem-te-vis e beija-flores
molhando meus pés e meu nariz
e me fazendo rir, sorrir e florir
esquecendo dores
despetalando ao sabor do vento
sentindo, nos pingos gelados da chuva
faíscas de vida que iam me aquecendo.





terça-feira, janeiro 22, 2008

Minhas pétalas

Aprendi com a vida que carinho que se dá, é carinho que se recebe.

Vi muitas vezes minha mãe guardar pétalas de rosas dentro de livros, em especial dentro da Bíblia (como uma forma de tê-las abençoadas). Rosas que haviam sido ganhas de pessoas queridas, ou abençoadas na Igreja em cerimônias especiais.

Rosas que murchavam, secavam, despetalavam-se, perdiam a cor, o perfume, o viço e eram guardadas entre as páginas com o mesmo carinho com que haviam sido ofertadas.
Ao abrir a Bíblia hoje, elas estão lá...secas, amareladas, sem perfume nem remetente mas conservam ainda a beleza de uma rosa e as lembranças dos tantos carinhos recebidos ao longo de uma vida.

E, assim, quando dou aos meus versos o nome de pétalas, sinto-me distribuindo carinhos como quem distribui flores.

Àqueles que, com o mesmo carinho recebem minhas pétalas, peço que as guarde em alguma página de sua vida ou simplesmente que as distribua àqueles à quem amam.
Aos que não o fazem, peço que simplesmente as deixem livres para que voem em direção ao vento.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Soneto ao Sol

Fiz da minha vida um eterno arrebol
donde espreitava no vermelho intenso
o sangue que jorrava forte e denso
do meu coração, em direção ao Sol

Clamava à ele por luz e piedade
que o seu calor me conduzisse à foz
que o fogo ardente não me fosse algoz
e do seu brilho, só vertesse bondade

Hoje do Sol, só um desejo alimento
que não me deixe duvidar do dia
que não me deixe esquecer o contento

que em seu brilho vi nascer a esperança
num dia claro, em que vivi a alegria
de ser eu mesma, luz, e dar à luz uma criança


Esses sorrisos valem uma (a minha) vida.

Quando as cortinas descem


Sou atriz dos meus desejos
No meu palco em pleno breu
dou-te vida, te faço meu

Invento mil enredos, faço cena
ora, sou uma daquelas de Atenas
sou a Dama das camélias ou
simplesmente Helena
Joana, Pagu ou Madalena

Te prendo nas minhas falácias
ora te sirvo um banquete
ora te peço a cabeça
numa bandeja com flores
Salomé ou Messalina
dividida entre tantos amores

Mas quando a luz se acende
quando a cortina desce

exausto você se rende

e eu, volto a ser a menina
que nos teus braços adormece







Perdição


Pareço anestesiada...zonza, areada
não sinto meus pés tocarem o chão
não sustento peso nas mãos
meus lábios dormentes não beijam
meus olhos olham, mas eu não vejo

Estou em coma profundo
perdi a noção e o rumo
o tempo passa e eu não
eu estagno e me desuno
de mim mesma

Agora vago...e me busco no mundo

Entre vagos olhares, o teu
que me envolve e me devolve

E novamente me perco

Reveses



Eu hoje não queria gritar
e gritei, gritei muito
não queria brigar
mas briguei
não queria me irritar
e me irritei, demais
não queria chorar
mas...

Poderia ter feito uma linda poesia
ter transpirado belos versos
ou regurgitado liricamente
meus re(sentimentos)

No entanto...
me fiz terreno árido e rochoso
cobri-me de Sol forte
evitei a chuva o quanto pude
fui contrasenso e contraponto

E mesmo assim...

Eis-me...às avessas
torta e vazia
inócua
incólume
retiscente
mas poesia!

Crisálida adormecida

Como a larva deselegante
asquerosa e sem beleza
torna-se bela e viçosa
num milagre da natureza

uma crisálida adormecida
torna borboleta e ganha vida

Assim também eu nos teus braços
sou crisálida em sono profundo
teu amor transforma em beleza
as dores que carrego do mundo

teus carinhos me acalantam
teus olhos velam meu sono
teus lábios proferem versos
que me tiram do abandono

acordo banhada em adornos
ganho cor, brilho e asas
me liberto do teu corpo
mas dele fiz minha casa

Bato as asas pra te encantar
faço fita pra te ganhar

Não quero sair dos teus meios
nem quero voar pro infinito
estou presa aos teus enleios
pro teu amor lanço um grito

Sou crisálida em sono profundo
sou borboleta perdida em teu mundo