sexta-feira, julho 11, 2008

Bem que te vi

Adormeci acalentada pela tua voz
e embalada pelo teu pulsar
tão perto...tão meu...tão tua!
Deixaste-me assim, encantada
e saíste na madrugada
antes do sol raiar.
No alvorecer fui flagrada
desnuda e desvelada
pelo amigo de todo dia
que do alto da fiação
entregava-me à ventania:

Bem (que) te vi!! Bem (que) te vi!!!

Eu cá, em plena maresia
do amor que me embalara
respondo ao mexerico
com um sonoro bom dia!
E replico:

Bem que me fez!! Bem que me fez!!!
Na concha


Gosto quando penso em você
e sinto o balanço das ondas...
Talvez pela imensidão azul
do teu olhar
a me cobrir e cuidar...
pés descalços na areia morna
riso solto...maroto...
na concha dura a procura
do som que me encanta
da tua voz a me chamar:

Vem minha menina...vem pro teu mar!

Quereres II































Não sou poeta. Não, não ouso ser.
Não tenho n'alma a grandeza de um Quintana
Nem de Pessoa a inquietude do saber
Não tenho o amor enaltecido por Vinícius
E em Bandeira, não encontro-me a valer.

De um Castro Alves sonhador e libertário
Tenho a centelha, que me faz ainda crer
Não num milagre redentor que tudo salve
Nem numa chuva repentina de virtudes
Mas nos poemas, que um dia hei de fazer.

Que não esperem dos meus versos coerência
Que não desfiem meu rosário ao bel prazer
mas que se fartem nas tristezas os sedentos
que deles sorvam os sentimentos abundantes
que transbordarem da minh'alma o meu querer!

Quero meus versos azulando o céu cinzento
E que se ponham da minh'alma a voejar!

Que sejam livres da miséria e do egoísmo
que sejam belos como o amor a enaltecer
que sejam sábios, e que valham uma verdade
de que a poesia não tem dono e nem paragem
mas do poeta, é a alma a florescer!