terça-feira, abril 22, 2008

O mar, a estrela e eu




Cai sobre mim a noite

manto negro a me cobrir
meu corpo na areia úmida
só uma estrela a luzir

lambem-me como açoite
as línguas d'água salgada
roçam a minha pele
tesam meu corpo todo
eriçam pelos e picos
deixando-me extasiada!

E a tal estrela sozinha
do alto a espiar
testemunha a minha sina!

Ardo em insanos ensejos
me ponho náufraga ao mar
entrego à ele meus seios
minha boca, meus entremeios
me faço amante ao relento
copulo com o mar sob o vento!

E a tal estrela sozinha
do alto a espiar
testemunha a sina minha!

Sina insana, sanha sã
desejo contido que aflora
na santa, na cortesã
na doce princesa que chora
é vida que explode ao relento
é vívido gozo que jorra
é puro contentamento
é amor que não tem hora.

E a tal estrela sozinha
do alto a espiar
descobre: não está sozinha
também sou amante do mar!

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